quarta-feira, fevereiro 03, 2010

Quem não se inclina

Resgatando arquivos, encontrei um texto interessante de uma escritora paulista que descreve bem o que eu gostaria de ter escrito, em algum momento.

Implacáveis

Há pessoas que não se vergam, que não se dobram, que
não se inclinam. Não porque tenham um caráter varonil,
mas porque são incapazes de qualquer sentimento de
empatia, de compreensão, de compaixão ou de bondade.

São incapazes de admitir um erro, mesmo diante das
conseqüências desastrosas que seus atos acarretam.
São incapazes de pedir desculpas, mesmo diante do
inequívoco agravo causado a outrem.

São os tiranos e tiranas da mentira, ainda que a
verdade, pudesse resultar em bênçãos libertadoras para
todos.

Tiranos e tiranas do silêncio, ainda que uma única
palavra pudesse desfazer todas as mágoas e restabelecer
o entendimento e a paz.

Tiranos e tiranas da inveja que se comprazem em armar
ciladas àqueles que tem em abundância, aquilo que
julgam lhes faltar.

Tiranos e tiranas da calúnia que com línguas ligeiras e
ferinas denigrem num único gesto, o santuário de
integridade que uma pessoa pode ter levado a vida toda
para construir.

Tiranos e tiranas do cinismo e do humor grotesco em
deboche crônico, reduzindo valores inestimáveis ao
nível da sua própria insignificância.

Tiranos e tiranas da ingratidão que devolvem espinhos
às mãos que lhes ofertaram flores.
Opressores e opressoras hipócritas que confundem suas
vítimas com sorrisos amplos e lisonjeiros, enquanto
pelas costas estão a tramar toda a sua desdita.

Senhor...livra-me da ação maléfica destes seres
empedernidos, mas livra-me acima de tudo, de, por um
momento sequer, a despeito de qualquer circunstância,
engrossar a fileira tenebrosa dos IMPLACÁVEIS.

Fátima Irene Pinto

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